Lennon vive

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010


Na tarde de 8 de dezembro de 1980, o fotógrafo amador Paul Goresh cumpriu um velho ritual: na esquina da Rua 72, em Manhattan, se juntou à aglomeração de fãs que aguardavam pacientemente por um autógrafo de John Lennon. Ele próprio um beatlemaníaco, Paul tinha o hábito de papear com devotos que faziam longas viagens para pousar na portaria do apartamento do ídolo. Conversou, naquele dia, com um homem que chegara do Havaí com uma cópia do álbum Double fantasy. Se chamava Mark David Chapman. Quando o astro finalmente apareceu, o admirador ergueu a capa do vinil e conseguiu a assinatura. ´É só isso que você quer?`, perguntou o ex-beatle. Câmera a postos, Paul flagrou o encontro.

A poucos minutos das 23h, Lennon voltava para casa a pé quando foi atingido por tiros. Ao ouvir a notícia de que o assassino era um ´fã do Havaí`, Paul telefonou para a polícia. ´Percebi imediatamente quem era. Você não pode imaginar o quanto de nojo e raiva eu senti`, comentou, 30 anos depois, ao cineasta inglês Michael Weldman. O depoimento raro está registrado no documentário The day that John Lennon died, produzido para a TV britânica, que remonta um dos dias mais trágicos da cultura pop. A fotografia de Paul Goresh se tornou vestígio de um trauma que ainda intriga os fãs. ´No mundo inteiro, a notícia da morte de Lennon congelou o tempo`, comentou Michael ao jornal The Guardian.

O assassinato do cantor, então com 40 anos de idade, interrompeu a fase mais tranquila de uma carreira solo tão extensa e intensa (mas menos produtiva) quanto a trajetória do quarteto de Liverpool. Hoje, após exatas três décadas, continua a render homenagens, livros e filmes. Nesse ´revival`, a carreira solo do ídolo ganha especial atenção. Desde a despedida dos Beatles, em 1970, John refez a própria identidade: passou a ser conhecido como o poeta radicalmente sincero, o ativista político e o marido dedicado.

Coletânea

O projeto John Lennon - Gimme some truth, lançado em comemoração ao aniversário do músico (que completaria 70 anos em outubro), inclui coletânea Power to the people: the hits. Na gringa, a caixa The John Lennon signature box inclui EP com seis singles e o CD Home tapes, faixas gravadas nos anos 1970.

A ´lennonmania` que se instalou no mercado brasileiro inclui livros como John Lennon - O ídolo que transformou gerações, de Gary Tillery, e o filme O garoto de Liverpool, ainda sem previsão de estreia no Recife. Nos produtos que invadem o mercado, o que se ressalta é a fúria criativa e o destemor do ídolo, que combateu as fórmulas da indústria musical para garantir o direito de se mostrar por inteiro ao público. Um legado que o tempo só faz engrandecer.

0 comentários:

Postar um comentário

 
 
 
 
Copyright © Jornal o Movimento
/ Template Modificado por WMF-Mídia Design uma boa ideia!// (87)9918-2640 |